Querendo saber mais...
Não há período da vida mais marcante do que a infância. E se a infância dos alunos é vivida aqui no Entroncamento, a dos pais dos meninos foi passada em diversos locais do país e até mesmo no estrangeiro.
Os locais, as cores, os sabores, as sensações, as vivências passadas dos adultos são também um património para as crianças,que nem sempre é partilhado.
No contexto deste nosso projeto, gostávamos que esse património constituísse uma reserva de aprendizagem e de motivação para todos nós.
Lanço daqui um desafio aos pais: que, através de um texto escrito nos dêem a conhecer as suas percepções de infância sobre a terra onde nasceram.
Em jeito de quem atira a primeira bola, aqui está o meu texto que partilho com todos vós.
A terra onde nasci
Nasci e cresci em Angola, uma terra
de abundância e generosidade.
A cidade onde nasci localiza-se no
planalto central e, como esteve para ser a capital do país, chamaram-lhe Nova
Lisboa.
No Huambo nasci e cresci até aos dois
anos, mas, do centro de Angola até às terras do fim do mundo ao sul, passei por
praias, matas, cidades e vilas, num país imenso em tamanho e qualidades.
Do Huambo passei para Benguela, onde,
logo de manhã, pela mão das minhas irmãs, rumava à Praia Morena, em tempo de
férias. Sabia de cor a macieza das areias finas por onde se esgueiravam as
quitetas ao roçar dos pés, enquanto a onda regressava ao mar. Ao domingo íamos
muitas vezes para outras paragens, também de mar. A Baía Azul confundia-nos,
pois era difícil distinguir a linha do horizonte, tal era o azul celestial do
mar e o cheiro a maresia que vinha do céu.
Era um dia passado entre
brincadeiras, descobertas sempre excitantes, muito convívio com aqueles que
eram os nossos companheiros de viagem, mas também com os pescadores e as
peixeiras. As donas de casa aproveitavam para fazerem o abastecimento em peixe;
peixe que não era vendido segundo a espécie ou o peso, era à cesta ou ao
caixote. A miudagem não deixava escapar os caranguejos que fugiam das malhas da
rede, mas não tinham a sorte de voltar ao mar.
Fui, a seguir, para o norte, para a
cidade de Malanje, terra de mistérios e de feitiços, onde, além das bonecas,
muito brinquei e aprendi com os meninos da minha rua e os bichos do quintal. À
noite apanhava gafanhotos para dar às galinhas no outro dia de manhã. E também
ouvia histórias das vidas de todos nós, mas também histórias fantásticas de
gente aventureira e batalhadora e rumores de histórias escondidas para criança
não ouvir. Já na cama, o meu medo estava no ventar ameaçador da enorme
mangueira a fazer-me lembrar de perigos longínquos que, com a noite, se faziam
próximos.
Ao domingo à tarde, passeávamos num
barco tosco no lago da Casa do Gaiato. E ganhava novos companheiros que eram
tantos quantos os esconderijos da apanhada.
Às vezes fazíamos piqueniques nas
margens do grande rio Kuanza. Era um mundo infinito de coisas por descobrir.
Era sobretudo a água que exercia o meu fascínio, água límpida, imaculada que saltava
de pedra em pedra ou da grande fenda do Kalandula.
Em Malanje entrei na escola e aprendi
como era o comportamento e a aprendizagem num novo contexto. Com rigor e
disciplina, comecei a aprender de caderno e lápis. Lembro-me que me convenci de
vez que, dentro da sala de aula, não devia andar pelos quintais a subir às
árvores ou a espreitar o ninho dos coelhos, quando vi os olhos arregalados da
minha professora ao ouvir o assobio que, sem querer, saiu da minha boca.
Por fim, cheguei à grande cidade. Já andava
no liceu e as brincadeiras começaram a ser mais sérias. Foi o tempo de passar a
noite na praia, para assistir à chegada das grandes tartarugas que regressavam
para desovar. Foi o tempo de começar a conhecer o mundo social e de tomar as
primeiras opções.
Foi também o tempo dos bailes e dos
espelhos que começaram a olhar para mim; foi o tempo das grandes amizades que perduram
apesar do afastamento; foi o tempo do primeiro piscar de olho; foi o tempo das
primeiras grandes desobediências, que o desejo de autonomia trazem.
A minha infância e a minha
adolescência, temperadas com jindungo e óleo de palma, pintadas com as cores
fortes e garridas da terra vermelha, suadas de calor e humidade, feitas de
horizontes largos e magníficos com que Deus dotou a Natureza é um capital de
reserva que me pertence e que determina o que sou e quanto sou.
Mª de Nazaré Sousa
Professora Titular da turma do 4º D
"Cesse tudo o que a Musa Antiga canta"
L. Camões, in Lusíadas
Tarde nostálgica na margem dos rios. À margem dessas
margens, de um e outro lado, repousa o olhar. Espelho (hoje) verde,
profundo, tranquilo de águas brandas.
Percorro caminhos de infância até chegar à casa branca
frente a uma dessas margens. O tempo para. Não vejo o ar
abandonado, mas a casa alta de portas e janelas de madeira e
cortinas de renda. Em frente, uma faixa de terra cultivada de milho,
separa-a do canavial que esconde a curva do Tejo.
Chamávamos-lhe, simplesmente, "o rio". Quando, no
Inverno, a água transbordava enchendo a zona baixa da vila, detinha-se aos pés
da casa. Uns degraus de pedra calcária elevavam-na e, por
ali, vigiavam o avanço das cheias ameaçadoras do Ribatejo.
Vejo-me na "minha casa". Vejo-me nela e fora dela.
Recordo uma vinda da escola, numa tarde amena de Primavera. Naquele tempo,
usava uma bata imaculadamente branca e engomada. Não compreendi, bem, mas
uma sensação estranha de estar presa nas suas pregas, invadiu-me. Tive medo de
chegar a casa. Uma ambulância militar verde (ou seria azul? Nunca perguntei
porque era verde e não azul) com uma cruz vermelha inscrita em círculo branco,
estava parada à porta. Foi a primeira vez que percebi que os corações podem parar...
Entro em casa.
De todos os espaços, recordo aquele a que eu chamava "quarto
dos brinquedos". Não que fosse um quarto destinado a brinquedos, mas
apenas porque era o quarto que continha os "meus brinquedos". Não era
um quarto de dormir. Ninguém lá dormia. Apenas as minhas bonecas e as
bonecas da minha irmã. Os meus brinquedos "ao monte", as suas
"casinhas de bonecas" organizadas.
Que diferença...
Ela, já muito "caseira" e feminina, arrumava as loiças
de porcelana que o pai tinha trazido de África. Tinha bules e canecas com
pires. Em tom de azul e branco. Uns sofás em miniatura de um material
entrançado e castanho. As bonecas sempre bem vestidas e penteadas. Tudo
com horas e regras. Fazia chá e comida imaginária nos tachinhos que colocava
no fogão de brincar. As minhas, pobres desgraças, sem roupas, de bocas
rasgadas pelas tesouradas e braços picados pelas agulhas. Descabeladas.
Despenteadas. Sujas no interior pelos líquidos que lhes enfiava boca abaixo.
Enfaixadas com trapos e farrapos que ia cortando de meias velhas ou restos de
tecido que sobrava dos vestidos costurados pela mãe da Joana.
Havia uma janela do género "águas-furtadas"
sobre o telhado do terraço que ficava do lado da cozinha. Por
ela via uma laranjeira enorme, de copa muito verde e redonda. Os ramos
mais altos ultrapassavam as primeiras telhas, mercê, do terraço estar num plano
mais baixo que o quintal. Pouco me atrevia por lá. Nem o lago que o meu pai
tinha construído para os patos vencia o meu receio de me aventurar por ali
fora...
Vestidos iguais, em manas diferentes. Ela, com sentido de
organização, mandava sentar-nos nos degraus que desciam do terraço para um
portão grande de madeira. Nele, como se fosse um quadro escrevia com giz o
abecedário e exigia que acompanhássemos a lição. Nós, eu, a Lurdinhas, a Blita
e a Luzinha, mais uma garota da qual não me recordo o nome, mas acho que
era Anabela, sentávamo-nos nos degraus da escada, como se fosse um anfiteatro.
Ai de quem não estivesse atenta à professora!
Vocações nascidas na infância. Ainda hoje tem olhos verdes e uma
vontade imensa de ensinar. Eu, tenho olhos castanhos e não "corto"
bocas a bonecas. Percebi que, talvez, não fosse esse o meu caminho. Qual seria?
Não sei. Ainda o estou a percorrer, como percorro, errante, os quartos da
minha casa branca e alta de infância.
Ela conserva algumas louças de bonecas que escaparam aos meus
descuidos. Eu, desse tempo, quase nada conservo para além de memórias,
lembranças de cheiros de laranjeira e torta de chocolate. Conservo a
imagem do quarto de brinquedos e o receio das escadas do sótão; as idas à
biblioteca com ela e as horas passadas a devorar os livros do
"Pequenu";
Ambas conservávamos umas bonecas, iguais, que o pai comprou
na terra de clima mais
quente (tínhamos sempre prendas iguais). Caracóis louros,
vestidos cor-de-rosa (depois em tom de azul que a mãe fez) e um mecanismo
ultramoderno, a pilhas, que as punha a andar.
A boneca da minha irmã está em casa. A minha não está comigo.
Nasci em Vila Nova da Barquinha. Entre esse momento e presente
decorreu uma vida. Que vida! Que vida…
Entre A Barquinha e a escola “Bonita” onde escrevo há uma ponte de
saudade.
Esta não sou eu. É uma parte de mim.
Professora Paula Pinto
Professora da Educação Especial
A história
de infância da mãe da Sofia Gaspar Pires, a Estela
Eu sou a Estela,
nascida e inicialmente criada numa pacata vila no coração do Ribatejo, a
Chamusca.
Era muito
pequenina quando os meus pais de divorciaram, tinha cerca de 2 anos e, entre conflitos
familiares e o “vai para lá” e “vem para cá”, habituei-me a viver por aqui e
por ali.
Quando era
pequena passava muito tempo em casa dos meus avós maternos, juntamente com os
meus primos. Durante o Verão, passávamos a vida a brincar na rua, descalços, ao
jogo do elástico, à apanhada, à cabra cega… parecia que os dias eram infinitos
e que o tempo passava muito devagar!
A minha escola
primária (1º ciclo) foi toda em Almeirim, onde a minha mãe trabalhava como
barbeira. Fiz lá muitos amigos e, desde cedo, habituei-me a ir e a vir sozinha
da escola para o salão da minha mãe.
Os
fins-de-semana eram passados com o meu irmão, o meu pai e a minha madrasta, a
Lídia, que sempre me criou como se fosse sua filha. Tínhamos uma boa relação!
O meu pai é
músico e, de certa forma, sempre enveredou pela vida de artista! Eu adorava
assistir e participar nos ensaios! Tinha aulas de música (ele era o professor,
dava aulas em vários sítios) e eu acompanhava-o sempre!
Quando fui para
o ciclo (2º ciclo), fui viver com a minha mãe, a minha irmã e o seu pai, para Coimbra.
Foram tempos difíceis, não conhecia ninguém e sentia-me muito perdida numa
cidade tão grande!
Depois,
regressei à Chamusca e, por lá fiquei, desde o meu 6º ano até terminar o
secundário. Fiz muitas amizades, que ainda hoje perduram…uma delas foi com o
pai das minhas princesas, o Adelino, que era da Chamusca também.
O meu avô era o
coveiro da Chamusca e vivia numa casa junto ao cemitério! Passei lá toda a
minha infância! Podem não acreditar, mas o cemitério pode ser um lugar cheio de
magia e aventuras! Desde os coelhinhos, aos sardões, ninhos de corujas, cobras,
centopeias e sapos! Havia todo um mundo de coisas para descobrir e explorar! A
minha mãe sempre me ensinou a respeitar a natureza e os animais e, ainda hoje,
gosto de apreciar as asas de uma borboleta e o cantar de um passarinho.
A minha avó, que
sempre foi muito lutadora e dedicada às lides domésticas, ensinou-me também
muitas coisas! Como fazer um bolo, descascar uma batata ou varrer o chão!
O facto de ser
filha de pais separados deu-me um leque de experiencias e vivencias. Fui criada
por uma grande família e todos me deram um bocadinho de si e me ensinaram
diferentes perspetivas e opiniões. Acho que a vida é isso mesmo, aproveitar
tudo o que nos rodeia e aprender a crescer.
A história
de infância do pai da Sofia Gaspar Pires, o Adelino
A 31 de Março de
1979, não dei tempo à minha mãe de chegar à maternidade, tendo nascido na
ambulância dos bombeiros da Chamusca, no local onde lhe foi possível parar, no nicho
dos Riachos.
Pese embora não
ser o meu local de nascimento, a minha naturalidade é a vila da Chamusca.
Na Chamusca, foi
onde passei toda a minha infância, dividida entre o campo (lezíria), a charneca
e o rio (Tejo).
Sendo o meu avô
agricultor, acompanhava-o nas suas jornadas, absorvendo muitos dos seus
ensinamentos, quer sobre plantas e árvores, quer sobre os animais, os quais
ainda hoje preservo.
Antes da idade
escolar, os dias eram passados em brincadeira, com os inúmeros amigos e
vizinhos, apenas nos deslocávamos a casa, por imposição de horários dos pais ou
porque a barriga assim o mandava.
Chegado o tempo
da escola, lá fui, como que um pássaro que prendem numa gaiola, mas depressa me
ambientei, novos amigos, novas brincadeiras e a contar os dias para as férias
grandes.
Com o avançar da
idade, as férias eram passadas entre amigos, ora na charneca, com aventuras que
levavam várias horas e muitos quilómetros calcorreados entre sobreiros e
pinheiros, ora no campo, onde na época da fruta nos deliciávamos a colhê-la das
árvores.
O campo por sua
vez, levava-nos ao mítico rio Tejo, que para os nossos pais era a proibição que
se encontrava acima de todas, mas valia muito a infração cometida pelos banhos
de água tépida que nos proporcionava.
As férias de
Verão eram sinónimo de noites quentes passadas no Miradouro da Senhora do Pranto
onde crianças se juntavam até horas tardias e jogavam futebol no adro da igreja
ou às escondidas. Os adultos aproveitavam a brisa fresca da noite e colocavam a
conversa em dia.
Aos 13 anos, nas
férias de verão, juntamente com os meus amigos, fomos apanhar tomate, talvez se
possa dizer que foi o meu primeiro trabalho, o qual consistia em apanhar tomate
para uma caixa.
O trabalho, se é
que assim se pode chamar, durou cerca de 3 semanas e, na maioria dos dias,
apenas no período da manhã, pois à tarde tínhamos de aproveitar as recém-inauguradas
piscinas da Chamusca.
Terminado o secundário
e sem ambição de continuar a estudar, comecei então a trabalhar como ajudante
de serralheiro.
E assim, foi a
minha infância, na mais bonita vila do Ribatejo, a Chamusca.
A minha terra, a minha gente
Nasci e cresci em Portugal, um país cheia de história.
Nasci na lindíssima cidade de Tomar, sede do concelho da região centro do país, situada nas bonitas margens do Nabão.
cresci numa aldeia situada nos arredores da cidade de Tomar, pelo que a minha infância foi passada entre a aldeia e a cidade, duas realidades bem diferentes.
Na minha aldeia, juntava-me aos amiguinhos da minha rua, e brincávamos como se não houvesse amanhã. Entre o jogar às escondidas, o jogar à bola, adorava trepar às árvores e espreitar os ninhos, Ainda me lembro do dia em que subi a uma oliveira, e depois desatei a chorar porque não consegui descer, Os amiguinhos lá foram chamar a minha mãe e ela fez-me prometer que não voltava a subir às árvores. No dia seguinte já estava a quebrar a promessa.
Ainda me lembro das histórias que os mais antigos da aldeia contavam, histórias intrigantes, que me faziam sonhar e me levavam a lugares longínquos.
Quando entrei para o jardim de infância, fiz novas amizades, das quais algumas perduram até aos dias de hoje, apesar da distância.
Na primária, veio o gosto pela leitura, a professora trazia livros de aventuras, vivia intensamente aquelas histórias, tentava transpo-las para as brincadeiras de rua.
Em tempo de férias, ia até Lisboa, até à praia. Era um mês, onde tudo era novo, as pessoas, os cheiros, as brincadeiras, os amigos. A ida à praia, o cheiro do mar, os amigos de verão, os passeios de barco no Tejo, ajudavam a carregar as "baterias" para mais um ano. dos novos amigos, ia sabendo as novidades pelas longas cartas escritas.
Num domingo de julho, fomos ver o desfile de mulheres com tabuleiros ornamentados de pão, espigas e flores, à cabeça, envergando bonitos trajes típicos. A partir desse dia, ficou o fascínio pela beleza das ruas ornamentadas de flores coloridas, o gosto pela montagem dos tabuleiros, a admiração pela Festa dos Tabuleiros.
A ida para o secundário, levou a que as brincadeiras de criança ficassem para trás, começavam as saídas à noite, o dormir em casa de amigos, o querer ser tratada como gente adulta. A descoberta dos sítios magníficos da cidade de Tomar, como os passeios pela Mata dos Sete Montes, pelas muralhas do castelo, pelo Aqueduto dos Pegões.
Hoje penso em como a infância era gostosa! Com as suas brincadeiras e despreocupações. De olhos arregalados e corpo esticado, víamos as horas passar, sem nos preocuparmos com o tempo que perdíamos. Sinto saudades da minha velha infância.
Elisabete Costa
Encarregada de educação do aluno Tiago Antunes
As minhas raízes.
As minhas raízes vêm tanto do
norte, como do centro de Portugal, Entroncamento hoje cidade, foi onde nasci,
cresci e constitui família, tendo sempre por perto a cidade do Porto.
O nome Entroncamento deve-se ao
encontro das linhas férreas do Norte e Beira Baixa, o que parecia ser mais uma
aldeia do Ribatejo cresceu e deu lugar a uma cidade, muito se deve ao facto do
caminho-de-ferro e aos quartéis militares que por cá se instalaram.
A minha mãe chegou ao
Entroncamento vinda de uma cidade grande como é o Porto, com os seus pais e
irmãos, uma família grande de sete filhos, à procura de novas oportunidades,
como filha mais velha tinha a responsabilidade acrescida de trabalhar para
ajudar e ainda tomar conta da casa e dos irmãos, tempos difíceis.
No Entroncamento conheceu o meu
pai, filho da terra, onde o meu avô tinha negócio estabelecido, uma latoaria,
podendo eu dizer com orgulho que no jardim Dr. José Pereira Caldas, mais
conhecido pelo jardim da aranha, o ponto de atração, a aranha, foi feita pelo
meu avô.
Os meus pais acabaram por optar
pela cidade mais pequena e por aqui ficaram, nasci no seio de uma família
feliz, com as dificuldades da época, mas que todas as conquistas tinham um
sabor especial.
Lembro com saudade as noites de
verão, criança sem preocupações, sentada na calçada com as minhas irmãs e os
gaiatos da rua a beber refrescos de limão porque as noites eram demasiado
quentes, para conseguirmos dormir, aguardávamos a brisa mais fresca da noite
para regressarmos aos quartos para então embalarmos num sono profundo. Estas
noites eram uma verdadeira delícia juntavam-se os vizinhos da rua, trocavam-se
ideias, vivências e muita alegria brindada com muitas gargalhadas.
A entrada para escola trouxe
outras responsabilidades, mas também novos amigos, a Srª professora que tinha
por amiga a régua, sempre disposta a ajudar-nos nalguma desobediência que aos
olhos dela parecesse, outros tempos e outros métodos.
As tão esperadas férias de verão
tinham dois apogeus, primeiro comemorar o Sº João o segundo os 15 dias passados
na praia.
O Sº João era passado no Porto,
onde nos juntávamos à família, muita brincadeira, era o alho-porro, os
martelinhos, os apitos, as cascatas Sº Joaninas com direito a prémio, os
cheiros da sardinha assada e das farturas que perdurava toda noite, onde um dos
momentos altos era o fogo-de-artifício, uma noite que era brindada com o
convívio entre centenas e centenas de pessoas todas com o mesmo propósito
divertirem-se juntas.
Os dias de praia tinham como
eleição a praia de Pedrogão, campismo era o que fazíamos, ainda hoje me
questiono como é que conseguimos chegar sem perder nada pelo caminho, eram dias
de conhecer crianças de outras cidades e fazer amizades que ficavam para a
vida, ver os barcos a chegar da faina e ajudar a puxar as redes, experiências
que não se esquecem.
Como qualquer menina sonhei com
príncipes encantados, perdi conta aos malmequeres desfolhados e às noites de
sono perdido.
Cresci com os valores, autonomia
e confiança que me foi transmitida pelos meus pais, tomei aquelas que
considerei ser as melhores opções, algumas vezes indo contra o que eles achavam
ser o melhor para mim, mas mesmo assim com a convicção que estava certa, talvez
hoje olhando para trás, considere que a vida é uma escola e nela os mais velhos
são catedráticos, hoje como mãe tento transmitir os valores que me foram
passados e que fazem de mim o que sou hoje.
Susana Lopes
Encarregada de educação da Laura Godinho
Um jardim plantado no centro do
Oceano Atlântico
Eu
nasci na cidade do Funchal na linda ilha da Madeira.
A ilha da
Madeira é a principal ilha do arquipélago
da Madeira, situado no oceano Atlântico, a sudoeste da costa portuguesa, anexado à União
Europeia. Constitui, conjuntamente com Porto
Santo, Ilhas Desertas e Ilhas Selvagens, o arquipélago da Madeira e a Região Autónoma da Madeira, que tem como capital a cidade do Funchal. A Ilha da Madeira possui origem vulcânica, 742,4 km², extensa flora exótica e o seu clima
é subtropical. A economia é amplamente
voltada para o turismo.
A
Madeira tem um clima suave. Quase nunca está demasiado calor ou demasiado frio,
com uma temperatura máxima média de 24º e mínima de 17ºC no Verão e ambas a
baixar apenas 4ºC no Inverno. O Leste, um vento que vem de oriente do deserto
do Sahara pode fazer subir a temperatura para a trintena de º C em alguns dias
do ano.
Basta
olhar para os luxuriantes verdes e para a abundância de fruta e flores para ver
que aqui chove bastante: estamos afinal numa zona subtropical. Mas as altas
montanhas da ilha significam que há aqui todo o tipo de microclimas. Poderá
estar seco no Funchal (geralmente a zona mais ensolarada), e a chover
torrencialmente a apenas alguns quilómetros a norte.
A
ilha é muito montanhosa, com profundos vales incrustados entre os picos mais
altos e falésias na maior extensão da costa, que totaliza cerca de 160 km
de extensão. A altitude média é de 1371.6 m, sendo os pontos mais elevados
o Pico Ruivo (1862 m) e o Pico das
Torres (1853 m). As praias de areia fina são raras. O extremo leste,
chamado Ponta de São Lourenço forma um cabo alongado e relativamente
pouco elevado que se prolonga até dois ilhéus próximos. Na costa sul, a oeste
do Funchal, situa-se o cabo Girão, uma das mais altas falésias do mundo.
A
música folclórica na Madeira é promovida e usa, maioritariamente, instrumentos
musicais locais tais como machete, rajão, brinquinho e cavaquinho que são
usadas nas danças folclóricas tradicionais tal como o bailinho da
Madeira.
A
alimentação da ilha baseia-se nos costumes rurais, e em geral, quanto mais
próxima se encontra dos métodos de confeção tradicionais mais saborosa se
torna.
Embora
os aperitivos sejam o ponto forte, os deliciosos Bolos do Caco – uma espécie de
pães de trigo servidos quentes com manteiga de alho e salsa em feiras e festas
populares – estão presentes nas ementas de todos os restaurantes. As lapas,
muito apreciadas pelos locais, são outra das iguarias a provar no começo da
refeição. São temperadas com muito alho, servidas acabadas de grelhar numa
frigideira e acompanhadas com rodelas de limão.
A
Sopa de Tomate e Cebola, enriquecida com um ovo escalfado. A Açorda é outra das
sopas mais típicas, sendo preparada com grandes pedaços de pão, alho, azeite,
segurelha e água bem quente – além do indispensável ovo escalfado.
Os
pratos mais famosos da Madeira são a tradicional Espetada, a Carne de Vinho e
Alhos, o Picado e os deliciosos grelhados (sobretudo de galinha, costeletas de
porco e bifes). A Espetada é feita com cubos de lombo de vaca temperados com
alho e sal, assados num espeto em fogo de lenha. A Carne de Vinho e Alhos é uma
especialidade presente em todas as ocasiões, confecionada com pequenos pedaços
de carne de porco marinados pelo menos durante um dia em molho de alho, vinagre
de vinho e loureiro, no qual são depois fritos. Esta especialidade é feita
principalmente na altura do Natal.
O
popular Picado é servido numa travessa de diferentes dimensões, consoante o
número de convivas. É confecionado com cubos de carne de vitela fritos em alho
e, por vezes, pimentos, acompanhado com bastante molho e batatas fritas.
O
Milho Frito – saborosos cubos de farinha de milho fritos – é um dos
acompanhamentos mais típicos da Madeira, sendo geralmente servido com pratos de
carne. No que respeita aos legumes, as ementas apresentam produtos da ilha,
como cenouras, ervilhas, abobrinhas, pimpinela e feijão, em geral preparados de
forma simples.
O
peixe tem um lugar especial na culinária da Madeira devido à ancestral tradição
pesqueira. O atum, o peixe-espada preto, o bacalhau, o gaiado (um peixe local
que é confecionado como o bacalhau) e as potas estão presentes em muitas das
mais famosas receitas da ilha. Por tradição, o atum costuma ser preparado numa
marinada de azeite, alho, sal e orégãos antes de ser frito, e em geral é
acompanhado de milho frito. Habitualmente, o peixe-espada é frito em cebolada e
também apresentado com milho frito a acompanhar. Uma das receitas mais
características é o Peixe-espada com Banana, que associa este peixe branco e
macio ao sabor de um dos mais emblemáticos frutos tropicais. No entanto, as
receitas de peixe-espada preto são muito variadas.
Toda
a viagem pela ilha da Madeira deve passar pela sua capital, o Funchal. Um dia
chega para conhecer e experimentar o que de melhor tem o Funchal, nomeadamente
o teleférico do Monte, os carros de cesto, o mercado de lavradores, a zona
histórica em torno da rua Santa Maria ou os jardins magníficos. O Funchal é o
lugar ideal para começar a visitar na ilha da Madeira.
O
magnífico Cabo Girão é o maior promontório natural em Portugal, com uma
verticalidade de 589 m. Um miradouro recente, de fundo de vidro, permite
contemplar agora ainda melhor as fajãs cultivadas na base do promontório. As
vistas do miradouro estendem-se desde Câmara de Lobos até ao Funchal, com estas
cidades voltadas para o Atlântico.
Com
pouco mais de dois mil habitantes, Curral das Freiras é uma pequena povoação no
coração das montanhas da Madeira. Outrora praticamente isolada num vale
fechado, apenas acessível por uma estrada vertiginosa, hoje é possível transpor
um túnel e alcançar a povoação facilmente. Vale a pena sentir a claustrofobia
do local, mas também contemplar a povoação de alguns dos mais belos miradouros
da Madeira, como é o caso do Miradouro do Paredão e do Miradouro da Eira do
Serrado. Este é um dos lugares obrigatórios a visitar na ilha da Madeira
O
Pico Areeiro, em dias de céu limpo, é um dos lugares mais bonitos da ilha. As
rochas coloridas dos picos da ilha da Madeira estendem-se no horizonte e
perdem-se de vista. Este é um dos lugares obrigatórios a visitar na ilha
da Madeira. Para os mais aventureiros, há que fazer o trilho PR1 – Pico
Areeiro – Pico Ruivo, mas para quem não tem tempo, ou não quer, aconselha-se que
faça o início do percurso, até ao miradouro em balcão, a cerca de 1 km. Pelo
caminho já irá desfrutar das vistas mais soberbas da ilha.
O
Pico Ruivo é o ponto mais alto da ilha da Madeira, com 1861 m de altitude. Para
ali chegar é necessário caminhar. Pode ir até à Achada do Teixeira, em Santana,
e daí caminhar cerca de 1h30 (ida e volta) para chegar ao pico. Em dias de céu
limpo as vistas são magníficas.
A
Povoação de Porto Moniz cresceu à volta da ponta da ilha onde piscinas
naturais, encurraladas nas rochas vulcânicas atraíam os veraneantes. Outrora
completamente naturais, hoje há cada vez mais estruturas, como escadas,
passadiços e várias infraestruturas de apoio aos turistas. Pode tomar banho nas
piscinas naturais ou nas modernas, já arranjadas, mas a essência ainda está lá,
nadar no meio das lavas solidificadas das erupções vulcânicas que formaram a
ilha. Tudo com uma vista magnífica sobre o ilhéu Mole. Apesar de ser um lugar
turístico, é um local a visitar na ilha da Madeira.
Nenhuma
visita à Madeira fica completa sem percorrer algumas das suas levadas. As
levadas constituem canais criados pelo homem para transportar a água da parte
norte da ilha, onde a precipitação é maior, para a parte sul. Hoje muitas
destas levadas, que aproveitam as curvas de nível, foram transformadas em
percursos pedestres e estão sinalizadas. Há levadas difíceis e exigentes, mas
há também levadas para os menos bem preparados. Uma das levadas mais fáceis de
fazer, mais bonitas e mais curtas é a Levada dos Balcões (com apenas 1,5 km
para cada lado). Para os mais bem preparados, a Levada das 25 Fontes ou a
Levada do Caldeirão Verde são das mais belas. Os mais exigentes, podem seguir
ainda a Levada do Caldeirão Verde para o Caldeirão do Inferno. Mas há muitas
outras levadas para experimentar na Madeira.
Em
resumo só visitando pessoalmente é que se pode sentir a beleza da ILHA DA
MADEIRA, não existe palavra suficientes para descrever seus ENCANTOS.
Estevão Alves
Encarregado de Educação da aluna Linda Lara Alves
A terra onde nasci
Vimioso, a terra onde nasci, mas cresci na cidade
ferroviária do Entroncamento. Vimioso situa-se no planalto mirandês e faz parte
da Terra Fria Transmontana que também inclui os concelhos de Miranda do Douro,
Bragança e Vinhais.
É um concelho acidentado, atravessado por pelos vales
profundos dos rios Angueira, Maçãs e Sabor.
Vimioso é um concelho agropecuário, dedicado à criação de
gado bovino (raça mirandesa) e suíno e ao cultivo de cereais (centeio, ceva
da,
milho e trigo).
Muito me divertia nas férias de Natal, Páscoa e Verão na
casa de Vimioso dos meus pais e na casa da minha avó com os meus irmãos e os
meus primos de França.
No Natal, a família juntava-se toda na casa da minha avó,
fazia-se a matança do porco para na Páscoa ter as carnes, como presunto,
chouriços para fazer os folares de carnes e os famosos fumeiros transmontanos.
Ia com a minha avó dar de comer às galinhas, porcos e vacas,
adorava vê-la ordenhar as vacas e amassar a massa para fazer o pão, cozido em
forno de lenha.
Ficava sempre ansiosa para que as férias começassem rápido,
o pior de tudo era mesmo as viagens de carro que eram muito cansativas e
desgastantes, mas quando chegava a casa da minha avó parecia que tudo passava.
Mas cresci na cidade rodoviária do Entroncamento, onde
estudei, fiz a escola primária, ciclo e secundária.
Na infância brinquei muito na rua e percorria de bicicleta
todo o Entroncamento até à Quinta da Cardiga, com os meus irmãos e os vizinhos
amigos. Na adolescência comecei a minha vida social, conheci e fiz bons amigos
e amigas, muitos seguiram os seus caminhos para outras zonas do país e do mundo,
mas, apesar do afastamento, ainda temos contacto, juntamo-nos anualmente para
fazermos o nosso jantar para comemorar a amizade.
Nesta cidade vivi a minha infância, adolescência e,
atualmente, a vida adulta.
Maria Fernanda Padrão
Martins
Encarregada de Educação
do aluno Afonso Braga
A terra onde nasci
Nasci e cresci em Torres Novas. É
uma cidade Maravilhosa!!!
Fui criada num lar de raparigas –
Lar Dr. Carlos de Azevedo Mendes.
Em Torres Novas conheço o
castelo, as piscinas, o rio Almonda e o Jardim das Rosas.
Quando chegavam as férias grandes
ia para a aldeia do Pedrogão, encostada à Serra d’ Aire. Gosto muito de lá ir.
Podia apanhar ar puro da serra, ver os pirilampos e brincar com os meus primos.
Jogávamos às escondidas, à apanhada, à cabra cega, à ciranda, aos polícias e
ladrões, à macaca e ao elástico.
No verão, eu e as outras meninas
do lar íamos uma semana à Praia do Pedrogão, depois durante o dia íamos para a
praia, ao final do dia íamos para uma casa que arrendavam, fazíamos a nossa
higiene, jantávamos e, a seguir, íamos para a rua brincar mais um pouco.
No lar também fazíamos visitas de
estudo; conhecemos o Zoomarine de Olhão, na zona da Fuzeta.
Agora já conheço mais outras
coisas como a Praia da Nazaré, Paredes de Vitória; Vieira de Leiria; e não me
posso esquecer que também conheço um pouco de Lisboa e de Leiria.
Patrícia Bispo
Mãe do
Diogo Fernandes